O design dos dois é ultrapassado, mas nesse duelo o que vale é ser barato para comprar e econômico para manter.
Eles estão entre os modelos mais anacrônicos do país, mas também entre os mais vendidos. Quem compra Mille ou Gol G4 (modelo antigo) não está atrás de modernidade, desempenho ou status. O público desses carros procura gastar o mínimo possível tanto na compra quanto no momento de abastecer. E aí está o trunfo (principalmente) do Mille. O automóvel nacional mais barato custa R$ 21.754 na versão de duas portas ou R$ 23.367 na de quatro portas. O Gol começa em R$ 25.300, com duas portas.
Se leva vantagem sobre o concorrente da VW logo no começo da partida, com o decorrer do jogo o representante de Betim amplia o placar. Na edição de dezembro, publicamos um extenso teste de consumo com 11 automóveis, e o Mille foi o campeão com álcool (média de 12,7 km/l na estrada). No teste atual, o Mille voltou a se destacar, cravando 9,6 km/l na cidade e 13,0 km/l em percurso rodoviário. O Gol também é econômico (8,5 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada), mas não tanto quanto o Fiat.
O Mille ficou ainda mais convidativo na versão Economy, lançada no ano passado. Entre outras alterações, o hatch ganhou pneus de baixo atrito, quinta marcha mais longa (maior economia na estrada) e alterações no motor, abrangendo válvulas, bielas e coletor de escape. A injeção foi remapeada. Porém, a alteração mais importante talvez tenha sido a inclusão de um econômetro no centro do painel. Ao volante, é impossível a gente não tentar pisar o mais levemente possível, para manter o ponteiro na faixa verde, de maior economia.Enquanto a Fiat investiu em seu modelo mais barato, a VW concentrou atenções no novo Gol (além de Voyage, Polo etc.). Com isso, o G4 ficou largado à sua própria sorte. É um carro que se vende sozinho, mesmo com seus problemas: o motor longitudinal faz muito barulho, especialmente quando a ventoinha do radiador entra em funcionamento. O câmbio é um pouco impreciso, o motorista fica meio afundado no banco e o volante é torto. O painel (que era bom no Gol G3) ficou pobre no G4.
O Mille ainda tem alguns resquícios do tempo em que era referência em itens como posição ao volante e espaço interno. A visibilidade também é melhor no Fiat, porque a área envidraçada é maior e o motorista fica em posição elevada. Mas há falhas: no modelo testado, o carro tremia quando se ligava o ar-condicionado.
Quanto à qualidade, historicamente o Gol sempre foi sinônimo de resistência e confiabilidade, mas os tempos mudaram. A Fiat tornou-se especialista em veículos baratos, melhorando muito o conceito de seus carros. Ao mesmo tempo, a montadora alemã descuidou um pouco de seu automóvel mais vendido. Já há algum tempo, nosso consultor, o engenheiro mecânico Rubens Venosa, chamava a atenção para isso, e a crítica continua atual: "Enquanto a Volkswagen descuidou da qualidade, a Fiat melhorou", diz. No acumulado entre janeiro e fevereiro, o Mille permanece como o terceiro mais vendido, atrás do próprio Gol (que não separa as vendas das duas gerações do veículo) e do Palio.
fonte:revistaautoesporte.globo.com
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